Pequena reflexão dos tempos em Londres:

Amor ...

a Deus, ao proximo e a si mesma!!!

"Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forcas." (Mc 12.30)


Como é engraçado que conseguimos decorar esse versículo tão facilmente, e achamos que conhecemos o seu real sentido! Mas este ano tenho descoberto que apenas decorar, ainda não é vivenciar!
Nesse tempo aqui em Londres, já quase um ano, muitas vezes não consegui expressar meus reais sentimentos na língua inglesa. Fui percebendo, então, que somente Deus podia entender-me no mais íntimo do meu ser.
Assim minha alma foi se abrindo, e se achegando mais perto do coração do Pai. Notei o quanto sou frágil e carente, e que minha alma clama pelo Pai Eterno, por sua misericórdia e graça. E assim fui a aprendendo a conhecer-me mais, bem como a entender qual o significado mais profundo de Deus para mim.

Você já se perguntou alguma vez: "Quem é Deus para você?"
E qual foi a resposta que obteve a esta pergunta? Espero que não tenha sido simplesmente uma resposta pronta, escrita por aqueles que se acham entendidos neste assunto. Espero, na verdade, que a sua resposta seja uma resposta real, sincera e vivenciada por você no dia-a-dia.
Eu fui aprendendo e descobrindo em Londres, junto aos típicos dias cinzas e escuros desta cidade, que Deus é meu respirar, minha fonte de energia, meu parceiro fiel em todas as horas.
E que quanto mais próxima eu estava Dele, mais meu coração se enchia de alegria e paz. Isto aconteceu quando eu estive sozinha, em diversas ocasiões, ou quando estive com amigos, na igreja ou nas ruas, nas praças, nos parques.
Pois esses eram os ambientes de Deus para minha vida, espaços usados por Ele para me ensinar e me moldar. Fui percebendo que a minha natureza de filha do Pai foi sendo tomada pela graça e pelo amor do Pai! Afinal toda a vida vem de Deus e não de mim.

"Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma." Jo 15.5

E desta forma, tenho realizado esta caminhada, este aprendizado de amar a Deus de todo o meu coração, de toda minha alma, de todo o meu entendimento, e com todas as minhas forças!

"Ame o seu próximo”Mc 12.31

A prática deste mandamento nem sempre foi muito difícil para mim. Em geral tenho facilidade em amar as pessoas. Mas confesso que no dia-a-dia, às vezes as coisas se tornavam mais complicadas do que eu imaginava: diferenças de opinião, conflitos de temperamentos, posições firmadas... Estando no Brasil, eu “sabia”, mais ou menos, como as pessoas poderiam se portar.
Afinal, nós somos filhos da mesma mãe-pátria, e parece-me que o coração brasileiro pulsa de forma semelhante. Em Londres, no entanto, a realidade é bem outra. Mudou o cenário! Os corações pulsam em ritmos completamente diferentes.
Os valores são marcados por nacionalidades e culturas bem distintas: britânicos, indianos, africanos, russos, noruegueses, brasileiros,...
Nossa que caldeirão de gente, que diversidade!
Agora imaginem as mais variadas formas de demonstração de amor e carinho neste contexto de igreja e sociedade, onde eu vivo hoje. Cito alguns exemplos:
- Para alguns, o carinho e o amor vêm através do abraço, do toque. Já para outros, isto pode ser visto como algo muito agressivo. O que conta é, no máximo, um aperto de mão;
- Existem também aqueles que gostam de falar com alegria, e dar gargalhadas bem altas com os amigos. Mas existem também aqueles que querem se comunicar, falando em tom de voz baixa e discreta;
- Há ainda aquele grupo dos que gostam de saudar as pessoas que eles encontram com um largo e afetuoso sorriso, independentemente se o saudado é homem ou mulher. Para outros, isto é muito constrangedor.
Esses são apenas alguns exemplos da diversidade com qual tenho me deparado, vivenciado e a aprendido a me apaixonar, mesmo que eu não entenda a real maneira de ser do outro. Apenas oro e peço a Deus que me ensine a cada novo dia a amar e a respeitar o próximo que tenho diante de mim.

"Ame a si mesmo”Mc 12.31

Não imaginei que essa parte seria a mais difícil para mim. Com tanta diversidade a minha volta, fui percebendo que o quão pouco e me conhecia.
Eu já sabia algo acerca de mim mesma, mas descobri que isto era insuficiente.
Notei que faltava profundidade e que vivia numa superficialidade, com medo de perceber quem eu sou de fato.
Este “auto-descobrimento” é dolorido. Ele é um processo árduo e longo que fui experimentando aqui em Londres. Vieram as descobertas das minhas fragilidades, e do reconhecimento de minhas dependências. Aprendi na marra a pedir ajuda, a dizer que não consigo,que não posso, e que não tenho condições. Busquei amigos, mas especialmente a Deus para manifestar os meus sentimentos, e dizer perante Ele o que precisava!
Este tem sido um tempo de notar mais de perto as minhas fragilidades. Entendo que o primeiro passo para sarar este mal – de achar que podemos algo ou que sabemos alguma coisa – é aprender a depender única e exclusivamente do Pai. É Ele quem nos ama do jeito que somos – frágeis e cheios de contradições – e isto Deus faz de maneira incondicional.
Tenho procurado aprender esta lição de vida. Estou descobrindo que sou mais frágil e impotente do que gostaria de aceitar. Mas sob o olhar amoroso e gracioso de Deus, em Jesus Cristo, sei também que sou uma filha amada. Ah! Isto é maravilhoso, saber-se nos braços do Pai, apesar de todas as minhas limitações, dos meus pecados!
Mas confesso: Esta é uma caminhada dolorida, onde sou desafiada a amar-me do jeito como Deus me acolhe e ama. É uma jornada ainda difícil, complexa, enfim, complicada para mim, mas que estou aprendendo a tatear a cada dia!

Que Deus nos abençoe e nos guie nesse caminho da descoberta do real e puro Amor!!!

"Assim conhecemos o amor que Deus tem por nos e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele.
No amor não há medo; ao contrario, o perfeito amor expulsa o medo."
1 Jo 4. 16,18

Amem!!